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O que é ser um grande advogado?

Por Cláudio Tavares Neto

Durante a aula de ontem, na Universidade Federal, um aluno e eu discutíamos sobre o que vem a ser “um grande advogado”. Com muita frequência, confundimos o grande advogado com o advogado bem sucedido, como se o segundo fosse necessariamente o primeiro. Não são.

Em diversas oportunidades, a esposa do mestre Sobral Pinto (ícone da advocacia nacional) relata as dificuldades enfrentadas ao lado do marido, que não levava muito jeito para a cobrança de honorários. O grande Sobral (grande, mesmo!) era um homem brilhante, um advogado corajoso e arrojado, deveras intelectualizado e péssimo para ganhar dinheiro. Ao longo de sua extraordinária carreira, Sobral acumulou vitórias e admiradores, foi exemplo para a classe em diversos momentos, mas custou, de verdade, a conquistar uma posição economicamente confortável.

A história do mestre Sobral Pinto demonstra com clareza que o grande advogado não é aquele que, pura e simplesmente, apresenta um balanço favorável no faturamento de seu escritório. Aliás, eu poderia elencar aqui (não farei por elegância) diversos colegas que percebem honorários bastante generosos todos os meses, mas que estão longe de ser – talvez, nunca serão – grandes advogados.

Grandes advogados são profissionais com notável conhecimento jurídico, que atuam com altivez, sobriedade e ética no exercício de seu mister, não sendo, necessariamente, detentores de patrimônio vultoso ou de conta bancária abastada. É claro que muitos dos bons advogados terminam conquistando espaços e enriquecendo, mas o fato é que a renda não pode ser considerada como o critério primeiro para apurar a qualidade de um profissional, como vem acontecendo atualmente.

Conheço colegas fantásticos, especializadíssimos em suas áreas, destemidos, atuantes, mas que não sabem ganhar dinheiro. De maneira diametralmente oposta, há advogados que não levam o menor jeito para a vida forense, mas que comandam seus escritórios como verdadeiras empresas e auferem resultados semelhantes aos de determinadas indústrias locais.

Ressalto que não estou fazendo uma defesa da pobreza, da vida humilde ou até espartana, tampouco sou, sob qualquer aspecto, avesso à ideia de ganhar dinheiro (pelo contrário). Entendo que as pessoas devem lutar para atingir suas metas e realizar seus sonhos, de modo que minha crítica se volta unicamente contra o raciocínio equivocado segundo o qual a qualidade do advogado seria aferida colocando-o na balança, medindo-se apenas peso de seus bolsos.

O conhecimento e o equilíbrio são virtudes que valem muito, mas muito mais que as posições momentaneamente ocupadas. Não esqueçamos, nunca, que é pelo exercício dessas virtudes que alcançamos e conquistamos tudo que pretendemos. Empenhemo-nos, pois, para que sejamos grandes advogados, pois, mais cedo ou mais tarde, inevitavelmente, seremos bem sucedidos.

Conselheiro Estadual da OAB-PB

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