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Clube de Leitura da Advocacia da OAB-PB debate obra de Ariano Suassuna


O Clube de Leitura da Advocacia da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Paraíba (OAB-PB), iniciativa da Comissão de Direito, Arte e Cultura, junto à ABRACRIM Nacional, reuniu-se em seu segundo encontro, nessa quinta-feira (11), para debater "O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta", do paraibano Ariano Suassuna, um dos fundadores do Movimento Armorial, que buscava criar a arte erudita por meio da cultura popular desenvolvida no Nordeste.


Esse movimento, lançado em 1970, não se restringiu à literatura, mas incluiu também teatro, música, arquitetura, artes plásticas, com destaque para a arte genuinamente brasileira.


Na data de 11 de agosto, emblemática por representar a criação dos cursos jurídicos no Brasil e também o dia da Advocacia, no debate em torno do autor homenageado, pôde-se reconhecer, no talento multifacetado de Ariano Suassuna, a face jurídica contra injustiças sociais, a luta e empenho deste imortal no conjunto de uma obra que o consagrou para além dessa temporalidade e geografia.


Na programação lítero-jurídica o debatedor foi o advogado e pesquisador baiano Raíque Lucas, que publicou nesse ano de 2022 pela Editora Porta, uma editora da Paraíba, "Direito, Literatura e Sertão", primeiro estudo que aponta, com base no pensamento do movimento armorial, para a necessidade de uma epistemologia sertaneja para o Direito brasileiro, com base no Brasil profundo que tanto Ariano nos falou, dando preferência a um direito profundamente brasileiro, pautado em seu povo injustiçado, notadamente os sertanejos.


Raíque Lucas - Advogado, escritor e pesquisador. Mestrando em Desenvolvimento Regional e Urbano/UNIFACS. Membro do Grupo de Pesquisa Políticas e Epistemes da Cidadania/CNPq. Autor de "Direito, Literatura e Sertão ".


O clube tem um objetivo central: ler e debater obras de autores paraibanos. No primeiro encontro a obra que foi lida, "Pássaro secreto" de Marília Arnaud, ganhadora do Prêmio Kindle de Literatura, proporcionou o encontro com a autora que brindou a todos os presentes com informações sobre seu processo de escrita criativa.


“A escrita é um dos pontos centrais da atuação jurídica, é a ferramenta essencial para a construção de versões, teses, argumentações e modificações do direito. Precisamos de bons leitores e no Direito essa necessidade é urgente. Refletir à cada encontro sobre a importância da literatura para o advogado e para os demais profissionais jurídicos, quanto também sobre temas relacionados ao Direito e Arte, Direitos Autorais, Direitos Culturais, sobre a atuação nessa área profissional, além de ser momento de interação, é propício para o networking entre os que participam e fecham parcerias para novos projetos, além de ser momento lúdico e de aprendizado coletivo”, comentou Rômulo Oliveira, Presidente da Comissão de Direito, Arte e Cultura da OAB-PB.


Cada encontro do Clube de Leitura é organizado com antecedência e há bastante divulgação, de modo a convidar os colegas e público leitor em geral. Cada obra escolhida para o Clube passa por um processo de curadoria que mira uma construção coletiva de saber jurídico e homenagem aos escritores do passado e contemporâneos da Paraíba, valorizando nossos autores, movimentando o cenário literário, o aumento de vendas das obras referenciadas nas livrarias locais.


Fruto da pesquisa de dissertação da Vice-Presidente da Comissão de Direito, Arte e Cultura da OAB-PB, Ezilda Melo, a obra "Arte, Emoção e Caos", citada por representar leitura jurídica sobre "O Auto da Compadecida", é demonstração do quanto cresce o interesse na intersecção entre as áreas do Direito com a Arte em suas mais diversas acepções. A mediadora do encontro, autora da pesquisa sobre "O Auto da Compadecida" no contexto jurídico, caótico e artístico, afirmou no evento, também transmitido no formato on-line, que a compreensão do Júri pela visão de Ariano está introjetada na mentalidade de todos.


"Mude quantas vezes a legislação sobre o tema, no imaginário popular, a obra de 1956, um clássico da nossa literatura, é norte para a leitura sobre o que é um "júri", essa ideia que nos persegue para além do plano terreno. O julgamento é a chave para Suassuna e para o todo o Direito". A citada obra foi comentada pelo ministro português Paulo Ferreira da Cunha, pelo juiz Alexandre Morais da Rosa e pelo pesquisa Alexandre Pagliarini, textos dispostos no prefácio, posfácio e apresentação, respectivamente.



Rômulo Oliveira, Presidente da Comissão, encerrou o evento ao recitar "Briga na Procissão ou Jesus no Xadrez", do paraibano Chico Pedrosa. O advogado e poeta Katullo Nunes também recitou poesia autoral em homenagem a Ariano Suassuna.


Participaram do evento demais membros da Comissão de Direito, Arte e Cultura: Joaquim Lorenzoni, Nicole Leite, Maria Kizzy, Gleycielle Souza, ladeados por outros colegas advogados Aldemir Galvão, Arimarcel Padilha, participando ainda o médico Paulo Marques Júnior, o músico contrabaixista da Camerata Parahyba André Souza, que desenvolve importantes trabalhos musicais no Instituto Cultural Paraíba.


Em breve será divulgada a data e obra do terceiro encontro e o edital para a obra coletiva "Direito e Literatura Paraibana", que será aberto a todos advogados da Paraíba e do Brasil que almejem escrever sobre o direito brasileiro à partir da literatura paraibana. “Tivemos, portanto, importante evento alusivo ao Dia da Advocacia, ocorrido no Soul Empório e Café, que vem se firmando como importante reduto de intelectuais da cena local”, disse Ezilda Melo, vice-presidente da Comissão.

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